Futurismo
procuro a casa na mata Barreiro
tiê-sangue, jacutinga, quati, cotia, onças
pardas contemplando a sua execução
por minhas mãos obedientes
procuro a casa na avenida das Begônias
simetria ao redor da clarabóia, comunhão
de espaços, entreolhares a iluminar
paisagem generosa, viga do arquiteto
e no meu peito só o pierrô
na parede
procuro a casa na rua das Malvas
escadarias barrocas, tabus entranhados
nas curvas de mulher, turgidez
perturbação, desbunde
ornamentado de vôos de iates
me apadrinhando a realeza
carnaval às avessas
foram erguidas na avenida das Nações Unidas sobre o novo templo de consumo da cidade nove torres de ostentação e gesso para morada de personagens da minha infância e adolescência sentaram-se à mesa rodeadas pelos mesmos comensais e continuam
o abandono das casas
o despertencimento
a exclusão
as ladeiras
a cesura
precário arrimo em palavras
Assinar:
Postar comentários (Atom)
acho que esse poema é do marcelo né?
ResponderExcluirprocurar a casa como quem procura a língua
a simetria dos versos ritmados,
procurar a casa como quem escreve o poema
no esforço de pensar suas possibilidades
e saber-se precário, mãos obedientes, arrimo
as misturas entre verso e prosa
dicção
que poema bonito, que poema bonito.
beijos
ez
ez, vou fazer aqui um eco, bonito, bonito...
ResponderExcluirAndréa
Que bom que o Marcelo resolveu mostrar seus poemas. Gosto bastante do ritmo, das palvras, da mistura de verso e prosa, das contradições. Bonito mesmo.
ResponderExcluirFica cada vez mais feliz em discutir poesia com todos Vcs. Li certa vez que, na verdade, todos os poemas são de amor. Acho que isso diz tudo.
Abraços do
Danilo