euforia, náusea

diz menos da pessoa
mais das taras
esta mão decepada
manchando o papel - galinha que esguicha
sangue pelas artérias
enquanto a cabeça
repousa
na terra
assustada

2 comentários:

  1. uma cabeça duas
    cachaças uma mão
    duas carcaças
    sobre a linha
    a pele

    embaça: essa mão
    atenta no trajeto
    é mão morta, endoidecida
    a jorrar - a que não sobre
    qualquer

    memória
    já sem susto
    a galinha
    repõe as garras
    e pia
    e elabora
    uma outra forma
    de ammarrar

    com mais eficiência
    uma certa náusea

    mais eufórica



    (andréa, só pra dialogar: macumba: galinha que ressuscita: já viu? pois é. escrito assim no esmo ermo, gesto puro gesto. abraço)

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  2. gostei do poema, roberta.

    a história da galinha ouvia de minha mãe, contando de suas férias na fazenda do avô, sob uma perspectiva medrosa e urbana, horrorizada com esse fio de vida do bicho sem cabeça.

    Andréa

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